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Língua e Identidade Nacional

Publicado em 03/09/2021, Por Assessoria de Comunicação

Língua Portuguesa é neolatina, isto é, formada da mistura do latim vulgar com a influência árabe e das tribos que viviam na região da Península Ibérica. De acordo com Nardi (2002), a língua Portuguesa mostra que um idioma pode ser a expressão da união de um povo, pois, neste caso, teria havido adesão livremente consentida. Ainda, conforme o autor, um brasileiro desenvolve a sua consciência de nacionalidade cultural, através da língua falada, pela História e pela Educação que são comuns a todos, fortalecendo o sentimento de unidade.

Ao longo da História, a Língua Portuguesa apresentou transformações e muitos autores da literatura defendem a ideia da existência de uma língua genuinamente brasileira, pois à medida que o idioma falado no Brasil teve contato com outras línguas, tornou o português daqui diferente, em muitos aspectos, do falado em Portugal. Nosso idioma apresenta várias influências, como as dos povos africanos (cachaça, moleque, fubá) e indígenas (mandioca, tapioca, caipira, abacaxi). Atualmente, a nossa língua está entre os dez idiomas mais falados no mundo e a todo instante tende a se modificar para evoluir através das tendências impostas pela modernidade: novas palavras surgem, os chamados neologismos, enquanto outras caem em desuso, os arcaísmos. Além do Brasil, o português também é o idioma de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e, claro, Portugal.

A língua afirma a identidade cultural, simboliza a união de um grupo por ser uma forma simples e eficiente de solidariedade, permite reconhecer membros da comunidade, diferenciar estrangeiros e transmitir tradições, sendo vista como um dos pilares à delimitação de uma nação. Dessa maneira, a função de uma língua é servir como um meio de comunicação eficaz, e cuja eficácia pode ser melhorada, pois, como toda instituição humana, necessita de padronização e organização. Apesar da extensão continental do Brasil, temos o privilégio de falar a mesma língua (com algumas variações regionais, o que somente a enriquece), não obstante, temos outro perigo à espreita, a adoção indiscriminada de palavras e expressões do inglês. Atualmente, percebe-se uma grande influência da língua inglesa. Exemplo: pocket book por “livro de bolso“, workshop por “oficina” delivery por “entrega a domicílio”, site por “sítio”, pet por “animal de estimação”, sale por “liquidação”. Sendo assim, talvez “bullying” pudesse ser substituído por “violência escolar”, bem como tantas outras palavras incorporadas em nosso vocabulário. É importante que a nossa língua perdure e não seja manipulada pelo uso excessivo das modernidades da língua inglesa.

A identidade nacional, por sua vez, é uma condição social, cultural e espacial. Trata-se de características que têm uma relação com um entorno político uma vez que, em geral, as nações estão associadas a um Estado (ainda que não seja sempre assim). A nacionalidade é um conceito próximo da identidade nacional. As pessoas que nascem no Brasil, por exemplo, são de nacionalidade brasileira e são titulares de documentos legais que validam essa condição, estes indivíduos têm, portanto, identidade brasileira.

A identidade brasileira foi decorrente de um processo de construção histórica, como em diversos outros países. Apesar de ter se iniciado após a Independência, em 1822, o processo de constituição da identidade nacional ganhou um impulso maior após a década de 1930, quando Getúlio Vargas chegou ao poder. A partir disso, percebeu-se que a construção da identidade, para além de um processo cultural, era também um processo político. Os esforços para se constituir a identidade brasileira, que também é chamada de brasilidade, estão ligados à necessidade de uma coesão social que acompanhe a existência de um Estado que administra todo o território nacional. Dessa forma, a manutenção de uma máquina administrativa comum a todo o território nacional foi um primeiro passo na construção da identidade. Contribuiu ainda à existência da identidade nacional o fato de a Língua Portuguesa ser comum a todo o território, apesar de suas particularidades regionais. A língua seria então um elemento que constitui a cultura nacional.

Levando em conta a grande extensão territorial brasileira, bem como a grande pluralidade das origens dos povos que constituem a nação, nosso idioma serve como elo comum a todos, já que tem a capacidade de aproximar os diferentes povos, línguas e culturas. Ao mesmo tempo absorve elementos de diferentes culturas e integra-os nacionalmente, pois várias palavras e sons, de diferentes origens que foram incorporadas na “língua falada” no Brasil e assim reconhecidas como palavras que fazem parte do idioma falado nacionalmente. Sendo assim, no Brasil a Língua Portuguesa funciona como fator de coesão nacional, pois através da difusão da língua em todo o território nacional foi possível a construção das bases nacionais de direitos e deveres através das leis, bem como desenvolver bases educacionais comuns a toda a população.

                  

 

Referências

https://www.cartacapital.com.br/opiniao/identidade-e-cultura-face-social-da-lingua/

 

NARDI, J.B. Cultura, Identidade e língua nacional no Brasil: uma utopia?

Cadernos de estudos da Funesa,v.1, Alagoas, 2002.

 

 

Escolas: E.M.E.F. Santa Teresinha, Escola Geração Saber e E.E.E.F. Angelo Granzotto.





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